Uma máxima que costumo usar em palestras e artigos é: “não existe ser que viva sem água”, o que é uma verdade incontestável. Partindo-se do princípio que o inoculante é uma cultura de bactérias vivas, depreende-se facilmente que estas bactérias necessitem de água para sua sobrevivência.

No inoculante, as bactérias estão em um ambiente altamente favorável, seja na turfa seja no inoculante líquido. Mas no momento em que abrimos o sachê e colocamos as bactérias sobre sementes secas, com vários produtos químicos agressivos, em um ambiente quente,  inicia-se um processo de elevada mortalidade. As empresas produtoras de bons inoculantes desenvolvem meios de cultura com substâncias que acrescentam uma maior resistência da bactéria aos fatores adversos, inclusive ao dessecamento.

Se, além dos fatores acima, ainda colocarmos a semente inoculada em um solo seco, sem água e com elevada temperatura, estaremos comprometendo inapelavelmente a vida das bactérias. Assim, o “plantio no pó”, além dos danos causados ao stand da cultura, ainda traz severos prejuízos ao fornecimento de nitrogênio, o nutriente exigido em maior quantidade pela soja.

Mas, sem dúvida teremos muitas semeaduras feitas sem as condições ideais de umidade. Isto vai requerer, mais do que nunca, uma observação criteriosa da nodulação logo nos primeiros dias pós emergência. Com cerca de dez a doze dias já será possível observar se estão surgindo os primeiros nódulos.

Mas é no estágio V2 no qual já se pode ter uma ideia da nodulação da planta. Nesta fase, deve-se observar a nodulação, seguindo alguns cuidados:

  • Retirar a planta cuidadosamente com uma pá, buscando tirar a raiz dentro de um torrão de terra.
  • Se o solo for muito argiloso, mergulhar a raiz em um balde com água, agitando levemente para retirar o solo sem que os nódulos caiam.
  • Fazer a contagem de nódulos na raiz principal e na secundárias. Uma boa nodulação pode ser considerada se tivermos de cinco a dez nódulos na raiz principal.

Se a nodulação estiver muito abaixo destes números, é sinal de que houve alta mortalidade de bactérias, o que poderá trazer problemas no aporte de nitrogênio necessário para o enchimento dos grãos. Assim, se chegar a ponto de, em V3 ser observada ausência ou um número muito baixo de nódulos, é importante tomar as medidas corretivas.

Uma solução que está tomando corpo é a inoculação por pulverização do solo (não vamos falar em “aplicação foliar”. O Bradyrhizobium pulverizado na folha não faz efeito algum). A inoculação pós emergência é uma técnica ainda em evolução, mas que apresenta resultados muito promissores. Como medida corretiva, apresenta resultados compensadores, pois pode provocar uma intensa nodulação ainda em tempo hábil para suprir a planta de todo o N do qual ela necessita para elevadas produtividades.

Mas hoje já há ensaios mostrando que, mesmo com uma inoculação dentro dos padrões recomendados, uma segunda aplicação em pulverização pode incrementar a nodulação e, por consequência, aumentar a produtividade.

Mas estas aplicações em pulverização têm também seus requisitos para que venham a funcionar corretamente;

  • O solo deve estar úmido. Aplicar com o solo seco não vai resultar em nenhum benefício.
  • A quantidade de inoculante deve ser no mínimo de quatro doses por hectare.
  • Não se deve misturar o inoculante com nenhum outro produto, salvo com recomendação do produtor do inoculante, mediante teste de compatibilidade.
  • O volume de calda deve ser, de no mínimo de 100 L/ha.
  • A barra deve estar o mais baixo possível e s bicos dirigidos para o pé da planta.
  • Fazer a aplicação fora da hora de sol forte, de preferência no final da tarde.

Assim, ressaltamos que o cuidado com a inoculação, que sempre deve ser muito rigoroso, necessita ser aumentado em condições de deficiência de água no solo.

 

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