A inoculação da soja e do feijão se configuram como grandes conquistas da pesquisa e do agricultor brasileiro. A pesquisa selecionou excelentes cepas de Bradyrhizobium e Rhizobium, as empresas produzem inoculantes de alta qualidade e o agricultor adotou largamente o uso do insumo biológico como fonte de nitrogênio em suas lavouras.

Mas a pesquisa não para. Sempre há alguma coisa a melhorar, a acrescentar mais ferramentas para o aumento da produtividade. Partindo do princípio de que na natureza nenhum microrganismo atua isoladamente, mas sim um conjunto de seres com funções complementares e sinérgicas, foi desenvolvido na Embrapa Soja o sistema de co-inoculação, utilizando o inoculante à base de Bradyrhizobium ou Rhizobium em conjunto com o inoculante constituído por Azospirillum. Este inoculante, inicialmente desenvolvido em 2009 para gramíneas, mostrou-se altamente eficaz quando utilizado em conjunto com o inoculante para leguminosas, exercendo um efeito sinérgico entre as duas bactérias.

A nodulação é formada por uma troca de sinais químicos entre as raízes e as bactérias. Há todo um sistema de comunicação bioquímica, com diferentes substâncias que se reconhecem mutuamente e interagem entre si. Quanto mais for eficaz esta comunicação, mais cedo haverá a formação dos nódulos e maior será o número destes nódulos, incrementado o aporte de nitrogênio para a planta durante todo seu ciclo.

E aí é que entra o papel da outra bactéria, o Azospirillum, potencializando esta comunicação, tornando-a mais rápida e eficaz. Isto resulta em uma nodulação mais precoce, o que significa uma antecipação no início da fixação do nitrogênio. Além de favorecer a comunicação entre raiz e bactéria, o Azospirillum produz hormônios que aumentam o número de pelos radiculares e, consequentemente, a absorção de água e nutrientes. O ácido indol acético (AIA), produz este efeito de aumento no número de pelos radiculares, conforme figura 1.

Figura 1

Assim, o uso de dois inoculantes, o tradicional para soja em conjunto com o Bradyrhizobium e o de Azospirillum, traz significativos aumentos de produtividade. Se só o inoculante para soja produz aumentos médios de 8% na  soja, o uso em conjunto dos dois inoculantes traz, em média, o dobro, ou seja, 16% de incremento na produção de grãos.

No caso do feijoeiro, também o uso da co-inoculação tem se mostrado altamente rentável para o agricultor, conforme mostram os trabalhos da Embrapa Arroz e Feijão. A sinergia entre o Rhizobium tropici e o Azospirillum tem se mostrado altamente eficaz no aumento da produtividade do feijoeiro.

No caso da soja, a Embrapa Soja, em conjunto com a EMATER Paraná, instalou 37 unidades de referência nos locais mais representativos da cultura da soja no estado, para comprovar a eficácia da co-inoculação. Foram ensaios instalados em condições de lavoura, com a colaboração de diversos agricultores. Os resultados da média destas 37 unidades estão no gráfico 1, comprovando que a co-inoculação trouxe expressivos ganhos de produtividade para a cultura (Adaptado de Circular Técnica 143, Embrapa Soja).

 

Gráfico 1

O uso destes dois inoculantes segue o mesmo princípio utilizado nas lavouras: pode-se misturar os dois tanto na semente como utilizar a mistura no sulco, seguindo as instruções de uso do fabricante.

As empresas associadas à ANPII produzem tanto os inoculantes para soja e feijão como os inoculantes à base de Azospirillum, seguindo as normas preconizadas pelo MAPA tanto no que se refere às estirpes das bactérias como com relação às concentrações.

As empresas da Associação também estão testando novas estirpes de Azospirillum, em projeto conjunto com a UFPR.

Mas, sem dúvida, dentro do espírito inovador do agricultor brasileiro, a técnica da co-inoculação já está se firmando nas lavouras por todo o país.

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