O analfabeto do século 21 não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”.

(Alvin Toffler)

 

A fixação biológica do nitrogênio, trabalhada para virar uma tecnologia e não simplesmente um fenômeno natural, se mostrou uma estratégia vitoriosa na agricultura brasileira. Trinta e oito milhões de hectares de soja são cultivados com baixíssimo uso de fertilizantes nitrogenados, usando o nitrogênio via biológico como fonte principal, e quase única, para o fornecimento deste nutriente.

O uso de  estirpes selecionadas, mais eficientes, com elevada capacidade de fixação, passou a fazer parte de todos os inoculantes comercializados no país, trazendo enormes ganhos de produtividade. E todo o trabalho de prospecção, de seleção e de produção, vem sendo realizado com os mecanismos tradicionais, com metodologias já consagradas ao longo dos anos.

Mas com a enorme evolução da biotecnologia e da biologia molecular, novas ferramentas vêm sendo introduzidas na área científica, trazendo sensíveis oportunidades de mudança no setor. Novos termos, nomeando novas tecnologias, começam a perpassar nas palestras e trabalhos publicados no setor, mostrando que um novo caminho se abre para a pesquisa e para a criação de novos processos produtivos.

Palavras como microbioma, microbiota, fenotipagem, holobioma, proteômica, metabolomica, edição gênica, aparecem com frequência em trabalhos científicos, mostrando que estas palavras, e não só as palavras, mas principalmente as técnicas que elas identificam, farão parte de nosso dia a dia, seja da pesquisa, da produção de inoculantes como também do agricultor brasileiro.

E aí aparece a pergunta fundamental: estamos preparados para trabalhar, ou pelo menos entender o alcance destas novas ferramentas? A frase de Alvin Toffler, na abertura deste artigo, mostra muito bem o dilema. O aprendizado e o uso contínuo das mesmas ferramentas durante muitos anos aperfeiçoam muito seu uso e as tornam altamente eficientes. Por outro lado, dificultam a adoção de novas tecnologias que surgem, obrigando a desaprender e reaprender, em um esforço contínuo. A frase “quando encontramos as respostas, eles mudaram as perguntas” também ilustra bem o esforço contínuo para absorver e aplicar os novos conhecimentos, utilizando-os em seu dia a dia.

O uso de análises microbiológicas do solo, com recomendações corretivas, o uso de análises do DNA para prospectar e selecionar material microbiológico, a edição gênica e outras novas ferramentas, abrem um campo incomensurável para novas conquistas na aplicação destes conhecimentos em curto espaço de tempo, incorporando novos conhecimentos ao setor produtivo.

A análise de qualidade dos inoculantes com o uso de técnicas de biologia molecular já é uma realidade. Propiciando análises mais rápidas, mais seguras e com menor uso de mão de obra e material, este tipo de análises já vem tomando vulto nas empresas, substituindo os tradicionais métodos de análises.

As empresas de inoculantes filiadas à ANPII contam hoje em seus quadros com pessoal técnico-científico com forte formação, permitindo que absorvam, apliquem e até colaborem no desenvolvimento destes novos conhecimentos, levando novas tecnologias e mais produtos biológicos inovadores para o agricultor brasileiro.

 

Publicado na Revista Cultivar – Dezembro de 2021

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