A sustentabilidade ambiental é um tema amplamente discutido em todo o mundo. Cada vez mais se questiona a ação do ser humano na manutenção de um equilíbrio entre a necessidade de utilizar e preservar os recursos naturais. Como utilizá-los em benefício da humanidade e, ao mesmo tempo, evitar um desequilíbrio ambiental que comprometa, irreversivelmente, estes mesmos recursos, tornando-os escassos ou até mesmo inexistentes para gerações futuras?

A agricultura não foge a este debate, com posições que, muitas vezes, saem da troca de ideias técnicas e resvalam para o campo da polêmica ideológica extremada, tornando difícil a busca do necessário e indispensável equilíbrio. Este debate, quando escrevemos este artigo, encontra-se fortemente presente no Brasil. Sem entrar no mérito do debate em si, lembramos apenas de dois aspectos pelo lado do Agro brasileiro, o que nos diz respeito: (a) – do ponto de vista da humanidade, seguindo a linha da maioria dos pesquisadores do clima, há a necessidade de baixar os índices de emissão de gases de efeito estufa e (b) – nas negociações com nossos principais clientes de produtos agropecuários, temos que nos adaptar às exigências dos mesmos, como é feito em qualquer negociação comercial, lembrando o velho pregão do marketing: O cliente sempre tem razão.

O Brasil tem uma legislação moderna e única no mundo, o que nos tornaria sem dúvida líderes no equilíbrio entre produção agrícola e preservação do ambiente. Mas, infelizmente, por má comunicação e pelo reiterado descumprimento estrito da lei, aparecemos muitas vezes como vilões em questões ambientais. Parafraseando uma citação da antiga Roma: “a mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta”. Assim, ao Brasil, não basta preservar o ambiente e fazer uma agricultura sustentável. Tem que mostrar isto claramente, dar sinais inequívocos do compromisso de ter uma agricultura altamente produtiva, capaz de alimentar bilhões de pessoas e, ao mesmo tempo preservando o ambiente através de políticas específicas. Fatos para isto temos em larga escala. Falta a narrativa clara e verdadeira, mostrando nossa posição a todo o mundo. Um discurso claro, forte, comprometido, aliado aos fatos existentes, sem ter que inventar nada, e ao mesmo tempo ações claras e decisivas no sentido de coibir toda a ação ilegal de danos ao ambiente, colocará o Brasil em sua devida posição, de produtora de alimentos e sustentabilidade da agropecuária.

Assim, dentro destes dois parâmetros, o conceitual de preservar o ambiente e mostrar que o preserva, e o comercial, de atender aos desejos do cliente, cada vez mais exigentes em questões ambientais, a fixação biológica do nitrogênio – FBN, é uma das ferramentas que mais claramente atende a estes dois princípios.

Sem a FBN, a soja necessitaria de cerca de 600 kg de ureia/ha, isto para atender à produtividade de 3.000 kg de grãos, que hoje é considerada baixa. Em 35 milhões de ha de soja, seriam necessárias 21 milhões de toneladas de ureia. Levando em conta que cada kg de fertilizante nitrogenado, de sua produção até a aplicação na lavoura, emite cerca de dez kg de gás efeito estufa, pode-se dimensionar a mitigação de gases efeito estufa que se consegue anualmente com o uso do nitrogênio biológico na cultura da soja. Quando o Brasil estruturou o programa ABC de mitigação de emissões de carbono pela agropecuária brasileira, a FBN foi um dos seis pilares deste amplo programa, cujos resultados já se fazem sentir há vários anos. Se o Brasil tivesse que usar esta quantidade de fertilizante nitrogenado, seriam necessárias 600.000 viagens de carretas com 35 ton. cada uma, pelas já saturadas estradas brasileiras.

Acrescentando-se a isto a eutrofização de cursos d’água causada pelo uso de fertilizantes nitrogenados, o que também é reduzido pela FBN, temos o enorme tamanho da “pegada” ecológica do uso de inoculantes pelo agricultor brasileiro.

Assim, além da significativa redução de custos para o agricultor, pela diminuição de importações, com economia para o país, o inoculante ainda contribui grandemente com o ambiente, levando a agricultura brasileira a um patamar talvez único no mundo.

Isto deveria ser divulgado com mais ênfase, fazendo parte do discurso oficial, como uma política de Estado. As empresas associadas à ANPII vêm, através dos anos, contribuindo de forma inestimável, com inoculantes de alta qualidade, para que o agricultor brasileiro, e de outros países, possa produzir soja e outras leguminosas com baixa utilização de fertilizantes nitrogenados e com bactérias selecionadas que levam a elevadas produtividades, com respeito ao ambiente.

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